Representante do escritório das Nações Unidas sobre Drogas diz que falta de estudo nacional sobre crack deixa País às escuras
O representante do Escritório das Nações Unidas (ONU) sobre Drogas e Crime, Bo Mathiasen, afirma que o Brasil está no caminho certo para o enfrentamento do tráfico e consumo das drogas, mas que a falta de uma pesquisa nacional em relação ao crack deixa o País às escuras para enfrentar o problema.
“Não sabemos o tamanho do problema do crack. Precisamos ter uma cultura de pesquisa. Elas precisam ser feitas e ter uma periodicidade. O Brasil não sabe o tamanho do problema. Muitos estudiosos falam que é alarmante. Outros dizem que o problema com o crack, em relação às outras drogas, nem é tão grande assim. Fica impossível trabalhar uma política pública sem saber o que atacar”diz Mathiasen.
O representante da ONU, que é dinamarquês, mas trabalha em um escritório da entidade em Brasília, afirma que o Brasil tem boas práticas que devem ser espalhadas pelo País. “O Brasil está num bom caminho no combate às drogas. Temos que lembrar que o País é muito grande e isso deixa tudo mais complexo. A região Norte é totalmente diferente da região Sul. Mas alguns trabalhos têm que ser destacados, como o Pronasci e as UPPs, no Rio e Janeiro.”
O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), foi criado em 2007, e investirá R$ 6,7 bilhões em segurança pública até 2011. O programa articula políticas de segurança com ações sociais, priorizando a prevenção. No Rio de Janeiro, as UPPs são Unidades de Polícia Pacificadora que foram instaladas em comunidades com alto ídice de violência que combinam policiamento comunitário com investimentos sociais.
Segundo uma pesquisa da ONU, divulgada no ano passado, o mercado da
América do Sul corresponde a 15% do mercado mundial da cocaína (que é a base do crack). De acordo com os dados, de 2000 a 2007, quadruplicou o número de apreensões de cocaína nos países da América do Sul. “Isso significa que tem mais droga em circulação”, diz o dinamarquês.
América do Sul corresponde a 15% do mercado mundial da cocaína (que é a base do crack). De acordo com os dados, de 2000 a 2007, quadruplicou o número de apreensões de cocaína nos países da América do Sul. “Isso significa que tem mais droga em circulação”, diz o dinamarquês.
Mathiasen defende que o Brasil lidere os países vizinhos da América do Sul em uma ação conjunta de combate às drogas. “É importante que o Brasil copere com os países vizinhos. Precisa trabalhar com a Bolívia que é o principal exportador de cocaína e a pasta-base para o País. O Brasil precisa também estar muito atento ao Paraguai, que é muito pobre e está muito vulnerável. A maioria da maconha que entra no País vem do Paraguai. O Brasil tem na sua mão a chave para achar essas soluções. Será a proatividade brasileira que poderá solucionar esse problema na região”.
“O crack é diferente de tudo”, diz pesquisador
O representante da ONU participa do “1º Simpósio Sulamericano de Política sobre Drogas: crack e cenários urbanos”, que acontece em Belo Horizonte até sábado e discute os problemas do impacto do consumo de crack na segurança e na saúde pública, a descriminalização das drogas e experiências apresentadas na América do Sul.
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